Obra / Arquitetura

URBANIZAÇÃO DE ARGEL
Ano: 1968
Local: Argel
País: Argélia
Descrição:

 

"O Plano de Argel fixou a hipótese urbanística que comanda o desenvolvimento da cidade a crescer paralelamente à praia, com a previsão de novas avenidas e monorail. Dentro desse esquema foi localizado o Centro Cívico com todos os palácios e ministérios e a cidade de negócios, com cerca de trinta torres destinadas às empresas estatais e uma marquise de 600m de extensão, com lojas, restaurantes, bares, serviços técnicos, cinemas e um centro de congressos.
Mas não se trata apenas de obras importantes, de prédios modernos, de universidades bem equipadas, etc. O principal é que tudo isso servirá a uma filosofia social atualizada, dirigida a todos, sem discriminação, pois o país a eles pertence, sem os privilégios que o capitalismo adotou e instituiu." *1
 
 
"O desenvolvimento urbanístico de Alger é simples de definir. Um rápido exame do problema mostra que a cidade se estenderá junto à praia, na direção do Cabo Matifon. Isso é, sem dúvida, a zona preferível, a mais bela e acolhedora da capital argelina.
Concorda com tudo isso a análise urbanística, em elaboração, em cujos dados a solução deverá se justificar e definir.
No caso de Alger, esses dados apresentam aspecto bem diverso e o problema é tão claro e a solução que propomos - um núcleo administrativo quase autônomo - tão evidente, que sua aplicação se restringirá à cidade atual, disciplinando-a, impedindo seu crescimento desordenado, dando-lhe, com a verificação de suas deficiências, o equilíbrio urbanístico indispensável, estabelecendo entre ela e as novas áreas a urbanizar as ligações de base, como a estrada - já projetada - e o trem aéreo que nosso plano sugere.
A solução que propomos, e que denominamos a 'Nova Argel', cria a capital moderna e atualizada que a Argélia reclama: Centro Cívico, os setores de Turismo, Comércio, Cultura e Saúde, as zonas de Indústria e Agricultura, Áreas Habitacionais, etc.
Dentro desse espírito, o plano de Alger não poderia se limitar ao aproveitamento de pequenas áreas livres, nem se adaptar a um zoneamento existente que só o comprometeria.
Seria por demais primário subordinar o plano da capital da Argélia a razões imediatistas dessa natureza. Trata-se da capital do País de um centro administrativo autônomo, que exige e justifica medidas complementares como a desapropriação das áreas projetadas, e a interdição de qualquer obra nova que não se harmonize com o conjunto urbanístico ou possa prejudicá-lo. 
Para a realização da nova capital, impõe entretanto um programa construtivo adequado, que permita valorizar as áreas projetadas, enriquecendo-as com novas construções.
Com esse objetivo, propomos o início do Centro Cívico, a construção da Mesquita, do Monumento da Revolução, do Complexo Esportivo, assim como a Praia Artificial e a Avenida de Recreio que a completa.
Com a realização dessas obras, o povo de Alger desfrutará de um esplêndido e inesperado setor de recreação e esporte, sentindo orgulho da cidade que surge - marco de uma nova era de liberdade e progresso." *2
 
 
 
*1 NIEMEYER, Oscar. Arquitetura brasileira na Argélia. Módulo, Rio de Janeiro, v.11, n.43, p.20-1, jun. 1976. 
 
*2 IEMEYER erguer  a Nova Argel. O estado de S. Paulo, São Paulo, 19 out. 1969.