Obra / Arquitetura

MUSEU EXPOSIÇÃO "BARRA 72"
Ano: 1969
Local: Rio de Janeiro
País: Brasil
Descrição:

 

"(...) Êste projeto foi elaborado no navio pois preocupava-me a urgência solicitada.
Representa o edifício "símbolo" da Expo 72, ou mais especificamente, como ficou combinado, o Museu do Conhecimento.
Trata-se de um museu "sui generis", dirigido ao povo em geral, mostrando de forma acessível a evolução da humanidade desde os primeiros  períodos que a precederam, até o homem atual; focalizando o desenvolvimento da ciência, da técnica, das artes e da própria sociedade, abrindo para o visitante as perspectivas futuras, a conquista do espaço, os sonhos e esperanças que hoje atraem tôda a humanidade.
Para isso convoquei Alessandro Casiccia e Mario De Stefanis, dois especialistasfamiliarizados com êsses problemas, colaboradores do Museu do Homem de Paris que, entusiasmados com o assunto, organizaram o programa anexo.
O projeto que adotei procura exprimir essa evolução crescente o que explica a solução e a própria forma plástica. Sua estrutura é arrojada mas simple e definida: dois apoios centrais de 2.50 X 15 e, na cobertura, o vigamento principal do qual descem os tirantes metálicos que suportam o piso. Na página 14 se encontram os cálculos feitos pelo engenheiro italiano Antonio Nicola que aprovam o dimensionamento previsto no projeto, solicitando apenas 7 metros em vez de 6 metros fixados no vigamento superior, diferença que Joaquim Cardozo no Rio certamente eliminaria. Por tudo isso o estudo que envio é na verdade mais que um ante-projeto pois permite o início dos cálculos de concreto e das instalações localizadas lògicamente junto aos montantes.
Mas ao terminar os desenhos, ao abrir os folhetos sôbre exposições internacionais para mim enviados, senti que meu trabalho talvez não corresponda ao que você deseja. Ao elaborá-lo tinha no subconsciente a idéia que realmente faço de uma exposição internacional e isso levou-me, sem pensar, à solução mais realista, de um prédio que deve permanecer, não como uma lembrança da Expo.72, mas como um elemento que se renova, atualizado, útil à Barra da Tijuca e a toda a cidade. Durante 1 mês retive os desenhos, desejoso de rever o assunto, sentindo a impossibilidade de alterar meu projeto, a impossibilidade de seguir o espírito que predomina nas exposições de Nova York ou do Japão 70, onde cada prédio visa sobressair num conjunto confuso, deprimente mesmo sob o ponto de vista arquitetural (isso explica a variante elaborada). Para justificar meu ponto de vista foi o croquis que exprime minha idéia com relação às exposições internacionais e à Barra da Tijuca em particular: três grandes coberturas sob as quais se localizam os diversos pavilhões e entre eles, com eles contrastando plàsticamente, os complementos necessários às áreas de divulgação, turismo, recreação e cultura; tudo visando uma utilização futura, ou novas exposições, ou sua adaptação a outras finalidades (universidades, centros de cultura, etc).
E para esclarecer melhor meu pensamento junto fotos de meu projeto para a exposição internacional de Trípoli, no Líbanos, em vias de conclusão.
Eis meu caro José Eugênio o que lhe posso dizer sôbre o meu trabalho, agradecido pelo empenho com que me convocou.
 
NB: A variante nº2 procura atender melhor o espírito da exposição da Barra - sem prejuízo do seu conteúdo. É uma solução mais aberta onde os salões constituem verdadeiros terraços, protegidos pela inclinação e pelas curvas das fachadas que atendem razões de insolação, ventos dominantes, etc. Nessa solução os pisos serão de concreto e não metálicos como previ no desenho inicial. É uma solução que me agrada, mais livre plàsticamente." *1
 
 
 
*1 NIEMEYER, Oscar. [Museu Exposição Barra72]. Argel 5/10/1969. Fundação Oscar Niemeyer. Coleção Oscar Niemeyer.