Obra / Arquitetura

CENTRO MUSICAL
Ano: 1968
Local: Rio de Janeiro
País: Brasil
Descrição:

 

"Nossa idéia é reunir todos os auditórios e salas anexas num único edifício, criando assim um grande "foyer", com locais de espera, exposições, bares, etc. Essa solução evita que o novo conjunto se apresente fracionado, como um prolongamento do Museu de Arte Moderna, mas sim como coisa autônoma, capaz de caracterizar o empreendimento; o centro Musical da Guanabara. A solução que propomos é lógica, compacta e polivalente, permitindo os espetáculos simultâneos que o programa exige, mas também, realizações diferentes - de caráter popular - com os auditórios abertos para o "foyer" e o público distribuído sem formalidades, participando do espetáculo como se estivesse numa grande praça coberta. Isso nos levou a convocar Jean Prouvé que se propõe a estudar e detalhes a vedação dos auditórios - som, vedação e movimento - garantindo-nos, com sua grande experiência, o êxito indispensável. Mas o problema da estrutura igualmente nos preocupava (6). Desejosos de preservar a vosta para o amr suspendemos todo o edifício sôbre um apoio central, vigamebnto de concreto na cobertura, tirantes metálicos e balanços de 50mts. Sabíamos que o problema não apresentava dificuldades. Afinal é um tipo de estrutura claro e definido que depende apenas de dimensionamento adequado. Mesmo assim, procuramos em Roma o engenheiro P.L. Nervi nene encontrandoa esperada receptividade e um grande interesse em realizar os cálculos estruturais, propondo-nos inclusive, a substituição das vigas de concreto por tirantes metálicos, soloução que apresentamos na variante 2. E agradou-nos ver como nosso pensamento se harmonizava, como o velho mestre aceitva nosso empenho em prever os grandes espaços livres, em especular na técnica construtiva, em darb ao trabalho do engenheiro um sentido mais alto e criador. E foi com agrado que dele ouvimos: 'Niemeyer, você devia ter me procurado 10 anos antes.'
Tranquilos em relação ao problema estrutural que sabíamos levantaria dúvidas nos mais tímidos, retornamos ao trabalho, verificandose os acessos estavam na escala da obra projetada; se a circulação se fazia correta; se as ligações entre serviços eram satisfatórias; se os problemas de som, climatização, ventilação, iluminação, etc, atendiam às solicitações técnicas; se o conjunto destinado às salas de administração, ensaios, serviços técnicos, etc, localizado, semi-enterrado, junto ao bloco principal, era flexível, apto às modificações futuras. E reexaminamos o aspecto plástico, a relação entre cheios e vazios das fachadas, imaginando a obra como já realizada e o público a transitar pelos pilotis, surpreso com seu arrojo, curioso com abóbodas invertidas dos auditórios, coloridas, variadas, quase surrealistas."  *1
 
 
"O projeto do Centro de Arte prevê, como constava do programa, três salas de espetáculo. Ao contrário da idéia que logo ocorre - projetá-las independentes - decidimos reuní-las num retângulo de 70X160, criando assim uma grande praça coberta, com bares, exposições, locais de estar e os três auditórios, entre os quais o público poderá transitartranquilo, a procura do espetáculo preferido.
Com essa solução o Centro de Arte assumiu outra escalae a originalidade das coisas diferentes e sem dúvida inovadoras.
Em certas ocasiões os espetáculos funcionarão sem as paredes removíveis que os separam, dentro de um programa comum previamente organizado; em outras, a maioria, constituirão espetáculos autônomos.
No Centro de Arte os acessos de público, artistas e serviço estão rigorosamente independentes. O de público, pela larga rampa que marca a entrada principal do edifício, protegido sob os 'pilotis' nos dias de chuva; o dos artistas , dividido em duas circulações distintas; uma reservada aos auditórios menores e a outra ao grande auditório, com elevador de 4X3, suficiente para transportar instrumentos e maior número de pessoas como no caso da orquestra sinfônica. Ambos os acessos ligam, diretamente, às salas de descanso e vestiários aos auditórios, sendo que o de serviço se restringe ao térreo, administração, serviços técnicos, salas de espetáculos e às pontes de iluminação e controle sobre elas localizadas.
Os três auditórios foram cuidadosamente examinados pelos técnicos, inclusive o grande auditório destinado também para orquestras sinfônicas que obedece os princípios fixados para o prédio anexo do Teatro Municipal, por nós projetado: o regente, pianista, etc, no centro e a orquestra distribuída pela platéia, cujos degraus foram foram para isso adaptados.
Nos assuntos gerais, no caso da maior importância, como som, ruído exterior, iluminação, mecânica, estrutura, etc, tivemos a colaboração do professor Thompson Motta e do escritório Projectum S/A, que nos tranquilizaram sobre os problemas expostos dos quais se ocupam e se responsabilizam.
Quanto à localização do Centro de Arte no Aterro, junto ao Museu de Arte Moderna, é assunto sobre o qual desejamos nos deter um pouco e explicar que não fomos nós que escolhemos aquele local e que não o preferimos, como prova termos aceito a opção para a Lagoa Rodrigo de Freitas e sugerido agora, sua transferência para a Barra da Tijuca. Mas neste estudo como o Centro de Arte é localizado no Aterro, tranferimos o prédio para junto do mar, fica mais dentro da paisagem e afastado do Museu de Arte Moderna como preferimos."  *2
 
 
 
*1 NIEMEYER, Oscar. [Centro Musical- RJ]. Paris. Fundação Oscar Niemeyer. Coleção Oscar Niemeyer.
 
*2 NIEMEYER, Oscar. Centro Musical; Centro de Artes. Rio 20.10.77. Fundação Oscar Niemeyer. Coleção Oscar Niemeyer.